sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A CASA INTELIGENTE OU A INTELIGENCIA A CONSTRUIR CASAS


Todos os avanços científicos e tecnológicos passam por um período de descoberta da utilidade e da forma correcta quer se trate de um objecto ou edifício. Nessa procura surgem muitas das vezes propostas ridículas.
All scientific and technological advancements go through a period of finding the applications and the right shape whether is a utility or a building.  
Sem comentários…No comments…
 
Um desenho-animado de  Tex Avery
A Tex Avery cartoon  
Ao fim de um século de antevisões (onde nunca o social é considerado) seria de esperar mais senso comum na procura de aplicações. Para mais o que está em cima da mesa é a sustentabilidade a nível planetário. Arquitectura bioclimática, uso de materiais não tóxicos e reciclagem são necessidades prementes.
Excelente que a informática possa ajudar. Os custos das aplicações vão baixando com a sua banalização. Contudo há algo irritante na expressão “casa inteligente”. É redutora e condescendente quanto ao papel do indivíduo. Burro porque incapaz aprender a gerir a energia que gasta na sua casa. É um tonto que não sabe o que precisa de comprar no supermercado. Há muito marketing mal disfarçado sob o lema “para libertar o indivíduo das tarefas rotineiras”.
O que se assiste é à aplicação da máxima: “primeiro cria-se a necessidade e depois vende-se a solução”.  
After a century of visions of the future that never happen (never the social is taken into account) one would expect a little more of common sense when researching for applications. Especially when what’s on the table is global sustainability. Bioclimatic architecture, use of non-toxic materials and recycling are in the order of the day. Great that computers can help. The costs of the applications are lowering steadily. However there’s something annoying in the expression “intelligent house”. It is reductive and condescending as for the role of the individual. Too dumb to learn how to manage the use of energy in his home. Silly because he cannot make a grocery shopping list.
There’s an ill disguised marketing campaign here under the moto “to release the individual from routine chores”.
In fact it is the application of the principle: “first create the need, and then sell the solution”
Não é uma paródia. Existe uma sanita inteligente que entre muitas funcionalidades, a tampa levanta (suavemente, como diz no anúncio) mal detecta a aproximação do utilizador e abre a tampa. Nem quero imaginar o tormento do feliz possuidor de tal sanita, no dia em que necessitar de a usar com grande urgência e esta avariou, recusando levantar a tampa…

Propõem-nos frigoríficos que fazem o inventário do stock e elaboram a lista de compras.
Propõem-nos sistemas automáticos de gestão da luz pela casa fora conforme a sua ocupação.
O medo vende sofisticados sistemas de segurança.
It is not a joke. There exists an intelligent toilet that among many functionalities, can open the lid (smoothly as the add reminds) when it senses someone approaching. I don’t even want to imagine the torment of the happy owner of such contratption in a moment of emergency and the lid doesn’t open, because of some malfunction.
Concepts of computerized fridges able to make the stock and elaborate the shopping list.
Automatic management of lighting in the house according to use.
Fear sells sophisticated security systems. 
Há dias na TV, um entusiasta cientista na área da computação, apontava um futuro risonho em que poderíamos comunicar com os edifícios (?!). Chamou-me a atenção e ouvi…
Edifícios interligados (?!), vidros das janelas que ao toque se transformam em écrans de computador permitindo-nos controlar tudo na casa. Portas opacas de roupeiros que a um toque se tornam transparentes, para podermos ver o que está lá dentro.  A paciência esgotou, não ouvi mais.
Esperava ouvir falar de estruturas inteligentes que reagissem dinamicamente a um tremor de terra. Sensores que não só diagnosticariam uma ruptura de cano, como conseguiriam fazer diagnósticos antecipados. Quem sabe com o auxílio da nanotecnologia, poder fazer uma reparação temporária.
Sistemas de gestão do ambiente, sistemas de monotorização do estado de saúde dos residentes, capaz de chamar assistência de emergência ou rotineiramente reportar ao médico são indicados para habitações de pessoas com deficiências ou para idosos. Que se desenvolvam sistemas fáceis e baratos de instalar em habitações ditas correntes, seria um conceito interessantíssimo. Alguém que tenha sofrido um acidente e perdido a autonomia. Idosos com autonomia reduzida ou saúde fragilizada; seria socialmente mais indicado apetrechar a casa com os sistemas necessários, para poderem continuar a viver na sua casa, junto aos seus vizinhos de sempre que ser enviado para um lar de idosos.
A aplicação de tecnologia onde é necessária e na medida certa. Como dizem os americanos, o método KISS: Keep It Simple, Stupid!.
Em arquitectura, na pesquisa de novas tipologias também há alguma confusão.
O exemplo Japonês de casas com pouca área está a conquistar o Ocidente e por boas razões. Menos área menos materiais, menos custos de construção e de aquecimento. Com a vantagem adicional de requerer menos espaço, quer nos lotes, quer em edifícios de apartamentos.
Surgem algumas soluções interessantes para espaços multiusos, mobiliário que se transforma e faz desaparecer o que não está em uso. Paredes móveis. A construção modular, a estandardização, a  pré-fabricação.
Mas na onda surge também muita proposta que é mais do domínio do trabalho cénico que arquitectura. Empilhar espaços uns em cima dos outros em que as escadas ocupam metade de cada piso, implicando um sobe-desce constante. Escadas de quebra-costas para aceder a mezzaninas. Bastará um gripe forte que deixe o morador zonzo, uma perna partida ou doença mais grave e o indivíduo deixa de ter casa habitável. Numa emergência médica como se remove uma pessoa duma dessas elegantes mezzanines?  
Days ago on TV a very enthusiastic computer scientist envisioned a future where we could communicate with the buildings (?!). Got hooked and watched.
Buildings interconnected (?!), Window glazing turning into computer screens enabling us to control the whole house. Opaque closet doors that turns transparent with a simple touch, allowing us to look of the contents.
Patience ran out, listened no more.
I hoped to hear about intelligent structures able to react dynamically to earthquakes. Sensors able to scan the plumbing, able to diagnose an eminent rupture. Who knows, with nanotechnology to be able to make a temporary repair?
House intelligent systems, systems to monitor health of residents and call for help or to routinely transmit info to the health care is appropriate to households of elderly people or handicapped or someone with temporary lack of autonomy. It should be interesting to develop cheap systems to retrofit houses, easy to install and remove when not needed anymore.
It is socially more valid to retrofit an elderly folk’s home, to let them enjoy the space and neighbours they’re familiar with than send them to a nursing home.
Technology should be wisely used where needed and in the right measure. As the Americans say, the KISS method:  Keep It Simple Stupid!
In the research for new typologies in architecture there’s also some confusion.
Wisely the Japanese example starts to catch on in the Western Hemisphere. Smaller areas, less materials, less costs with the construciton and house heating.  With the bonus of requiring less space whether on plots or apartment buildings.
There are many interesting proposal for multifunction spaces. Furniture that transforms itself and make disappear equipments not in use.  Movable walls, modular construction, pre-fab.
But with these interesting steps comes also things that belong to stage scenario rather than architecture.
Rooms stacked with half floor space occupied by the stairs, a tiresome up and down. Vertical ladders to the sleeping area in a mezzanine. It will suffice a strong flue, a broken leg or some serious incapacitating illness and the individual has no house to live in. In a medical emergency how the para-medics will remove a patient form that kind of stylish mezzanine?
Um problema subsiste e deveria envergonhar-nos a todos, em especial a industrias da construção, políticos, arquitectos e engenheiros.  A tecnologia racionalizou a construção, mas o esforço financeiro para se ter um espaço privado a que se possa chamar lar, salubre e confortável, continua a ser o mesmo, comparando com os seus rendimentos. Alguns Países como Portugal até têm na sua Constituição o direito à habitação, no entanto...
A problem subsists and should shame us all, especially those in the building industry, politicians, architects and engineers. The financial effort for someone to have a private space that can call home, salubrious and comfortable is still the same comparing with his income. Some countries have in their Constitution the right to have a house, nevertheless...
O sem-abrigo, um ser humano que se torna invisível para a sociedade.
The homeless, a human being turned invisible to society
Onde está a inteligência? Where is the intellegence?





Sem comentários: