A ESTÉTICA DA REPRESENTAÇÃO DA ARQUITECTURA

Z-HOUSE ATELIER DESHAUS, SHANGHAI www.deshaus.com

ATELIER TURENSCAPE www.turenscape.com

Dois ateliers com uma estética de representação digna de nota. Deshaus quase nos apresenta imagens de jogos de computador. Turenscape aparece aqui com dois tratamentos gráficos distintos. O último é muito "ocidental" recordando o que é habitual nos EUA, mas as imagens anteriores são de uma invulgar beleza, que ultrapassa a mera necessidade de representação de uma ideia.Seguindo a tradição da pintura chinesa, como que introduzem a dimensão "tempo" .

AINDA ÉVORA...

O que a seguir se relata poderá ser um pouco pessoal, mas é bom lembrar que a arquitectura é feita por pessoas, para pessoas.

Na primavera deste ano tive de voltar a Évora com um colega da faculdade, para melhor se entender alguns detalhes respeitantes a um trabalho de morfologia urbana que tínhamos em mãos. O assunto era a arquitectura da água, um tema muito bem documentado em Évora.

No Posto de Turismo, onde entrei para simplesmente pedir um mapa da cidade, comentei sobre o que me trazia à cidade. Resposta pronta: "Ah! então deve falar com o eng X no sítio... " e deram-nos uma indicação. Como eram horas de almoço, também fomos almoçar. À saida do restaurante passámos por aquilo que parecia (e era) uma escavação arqueológica. Não só tivemos uma visita guiada como obtivemos um número de telefone de quem nos poderia ajudar na pesquisa que fazíamos. Entretanto fomos à Câmara Municipal para falar com a arquitecta Y, que nos tinha sido indicada como pessoa que nos poderia ajudar. Pensámos que nem passaríamos da portaria, mas a resposta foi: " Concerteza! subam as escadas, é naquela porta". A sra arquitecta afinal não estava ali, mas depois de vários telefonemas, localizaram-na noutro departamento, onde nos esperava.

Já de manhã o meu colega tinha estado em amena cavaqueira numa da praça, perto da rua do Cano.

Pode ser assim o "banal" quotidiano em Évora, mas para quem vive em grandes aglomerados, isto é surpreendente e maravilhoso. É um dos componentes intangíveis do tecido urbano, em que o arquitecto e o urbanista intervêm. A cidade é mais que edifícios e ruas...

QUANDO O LOTEAMENTO ORIGINAL É ALTERADO... 2

As duas primeiras fotos são de projectos na China, do atelier Deshaus, as duas seguintes são em Helsinquia, em Hernesaari e Hietalahti, do atelier Helin &co, nos terrenos antes ocupados pelo estaleiro naval Wärtsila. Os projectos da Deshaus aparentam ser em pequenos núcleos urbanos, os de Helsinquia, são no centro da cidade. O fio condutor é a forma como se implantam os vários edifícios (curiosamente até no aspecto formal se assemelham). É patente uma preocupação em demarcar os lotes e os volumes. As fachadas sofrem ligeiras declinações, como se resultantes de um longo processo de sedimentação ao longo dos tempos.

QUANDO O LOTEAMENTO ORIGINAL É ALTERADO...

ÉVORA II

Uma das muitas intervenções nos bairros intra-muros, numa linguagem depurada. Mas... existe algo dissonante. Seria de origem um só lote ou foram unidos vários? A linearidade que se obteve torna o volume enorme, apesar de se respeitar cérceas. Na outra foto de Évora pode-se ver como os edifícios se relacionam com a rua. Constituem uma banda contínua, têm a mesma cércea, mas as dimensões do lote ditam um ritmo vertical mais curto, que se torna mais perto da escala humana.

só olhando para os beirais é que não veremos carros por todo o lado...

ÉVORA I

ÉVORA, RECUPERAR O PROCESSO HISTÓRICO

Este é o título do programa de requalificação urbana, disponível online no site da Câmara Municipal de Évora. Évora é uma cidade onde apetece viver (pelo menos para quem a visita ocasionalmente). Tem qualidade "urbana", passe a redundancia, embora sejam visíveis alguns problemas típicos das cidades portuguesas:

-Trânsito por todo o lado, o carro é rei.

- Crescimento extra-muros anódino. Uma banalidade como tantas outras por esse País fora, em especial por ter abandonado a tipologia que a distinguia. A excepção é o bairro da Malagueira do projectado pelo arq. Álvaro Siza. Existem outra intervenções interessantes, mas são pontuais.
- Esvaziamento de população na zona intra-muros.

O programa de requalificação procura responder a algumas destas questões. Mas apesar das propostas interessantes, parece um documento em que se procura agradar a todos (o que por vezes dá em não agradar a ninguém).

A edilidade construiu vários parques de estacionamento à volta do recinto amuralhado, no entanto o casco histórico está pejado de automóveis.

A edilidade tem uma muito publicitada Linha Azul, um serviço de transportes intra-muros. O seu serviço restringe-se a uma só linha e tem um horário limitado no tempo (consulte-se o horário). O mini-autocarro é a diesel.

Qual o impacto na composição social das zonas a reabilitar? Vamos assistir a uma alteração radical, afastando as populações com poucas posses, para aí instalar quem possa pagar mais?

image source: www.akasaka-atelier.com/

house for mr engraver - autoria: arq. Akasaka Shinichiro (image source: site de Akasaka Shinichiro

... AINDA DIZEM QUE DEMOS CABO DO TERRITÓRIO!....
Apetece dizer, embora o mal dos outros não resolva o nosso.
A imagem tem uma poesia violenta. Sob um céu azul enorme, uma casa construida no pátio de uma penitenciária... Não é, mas parece.
A falta de espaço, entre outras coisas, cria desafios (para nós bizarros) aos arquitectos japoneses.
A solução do arquitecto Akasaka Shinichiro para um lote numa zona industrial (que estará por detrás daqueles muros?), é simples: cria o seu próprio espaço. Físico e espiritual, poder-se-ia acrescentar. Não deve ser tarefa fácil ir para casa todos os dias e fingir que aqueles muros não estão lá... todos os dias...
O volume é sóbrio, fechado à frente, os vãos amplos localizam-se atrás. A pequena árvore à frente da casa acentua a delicadeza do balanço entre estruturas (a casa e os muros).

Coimbra Viva, um programa de requalificação urbana em http://www.coimbravivasru.pt/

Tem disponível em pdfs as diversas peças escritas e desenhadas.

Em www.lgc.org/ahwahnee/principles.html é possivel obter a "Carta de Princípios", por assim dizer, do Novo Urbanismo.

5ªf. 23OUT08

O amador de Arquitectura

No site www.chinese-architects.com encontra-se o site de um atelier com um nome suis generis: Amateur Architecture Studio.

Como filosofia têm um texto muito interessante, revelador das inquietações de um criador num país em rápida mudança.

" Desenho uma casa em vez de um edifício. A casa é a abordagem do arquitecto amador à infinita ordem expontânea.

Construida expontaneamente, ilegalmente e temporária, a arquitectura amadaora é igual à arquitectura profissional, só não é tão significante

Um problema da arquitectura profissional é, que pensa demasiado no edifício. Uma casa que está mais próxima da nossa vida simples e trivial, é mais fundamental que a arquitectura. Antes de me ter tornado um arquitecto, era simpelsmente um literati, arquitectura é apenas um part-time para mim. Por um lado humanismo é mais importante que arquitectura, enquanto um simples produto artesanal é mais importante que tecnologia.

A atitude do arquitecto amador - embora antes de mais uma atitude crítica de experimentação do processo construtivo - pode ter mais significado fundamental que a arquitectura profissional. Para mim, qualquer actividade de construção sem um estudo exaustivo (comprehensive thoughtfulness) será sempre insignificante."

Será preferível a leitura da versão "original" em inglês.

Já que estão por lá, vejam os trabalhos dos outros arquitectos.

Aprendizagem de Arquitecto

É o título de um texto do arq. Nuno Mateus, que se pode ler no site www.arx.pt em textos - Nuno Mateus